
COISAS QUE SE ENTENDEM MAL.
UM PLANO DE SAÚDE E
POPULARIDADE
Dizem-nos notícias recentes que a popularidade de Barack Obama tem vindo a descer entre os americanos. A gota de água terá sido o célebre Plano de Saúde que ele apresentou como uma das suas grandes bandeiras na campanha eleitoral.
O que não se percebe é o que querem afinal os americanos.
Pela descrição que é feita internacionalmente o sistema de saúde até aqui praticado excluía de qualquer espécie de protecção cerca de 5o milhões de pessoas, que se viam obrigadas a recorrer ao regime dos seguros de saúde para salvaguardarem a sua protecção até onde fosse possível.
As ineficiencias de certos sectores do regime público faziam o Estado gastar milhões na cobertura de determinadas despesas em saúde. O que Obama veio apresentar é uma idéia que chamou de "opção pública" e que, em traços gerais significa alargar os cuidados de saúde, privados ou públicos, a toda a população, comprometendo-se o Governo a subsidiar a compra de seguros.
Isto terá feito disparar protestos em todos os sentidos, inclusivamente com o fundamento de que a expansão do papel do Estado não faz parte do código genético dos Estados Unidos.
Vamos a ver se se entende.
Os Estados Unidos da América sempre esconderam, por detrás da carapaça de grande potencia política, económica e militar, as contradições internas latentes no seu "estar" social.
A sociedade americana é uma convergencia de contradições, sejam étnicas ou culturais, e a matriz histórica que poderia potenciar é ainda muito recente para se poder falar de enraizamento colectivo.
Gerir o caldo de culturas que permanentemente fervilha naquele País não é fácil, e se houve coisa que sempre me fez desconfiar foi a facilidade com que a "novidade" Obama entrou nos gostos dos americanos.
Não há nisto nenhuma espécie de crítica, apenas o reconhecimento de algo quase impensável.
Obama beneficiou do "desastre" Bush, mas vozes mais avisadas sempre foram alertando que a América não se governa apenas com bons dotes de oratória, e além disso, está de tal modo envolvida em tantas frentes (seja qual fôr o sentido que se dê a esta expressão) que muito dificilmente um qualquer candidato poderá desempenhar bem o papel de "milagreiro".
O facto de se registar uma descida na popularidade de Obama não espanta.
Espantou foi a vertiginosa velocidade com que ela subiu e aos níveis a que chegou inicialmente.
A América continuará a ser o que sempre foi, e Obama vai ter de perceber que conviver com isso nunca será fácil. Para ele ou outro qualquer.
HPeter