segunda-feira, 7 de setembro de 2009

OBAMA E A SAÚDE


COISAS QUE SE ENTENDEM MAL.
UM PLANO DE SAÚDE E
POPULARIDADE
Dizem-nos notícias recentes que a popularidade de Barack Obama tem vindo a descer entre os americanos. A gota de água terá sido o célebre Plano de Saúde que ele apresentou como uma das suas grandes bandeiras na campanha eleitoral.
O que não se percebe é o que querem afinal os americanos.
Pela descrição que é feita internacionalmente o sistema de saúde até aqui praticado excluía de qualquer espécie de protecção cerca de 5o milhões de pessoas, que se viam obrigadas a recorrer ao regime dos seguros de saúde para salvaguardarem a sua protecção até onde fosse possível.
As ineficiencias de certos sectores do regime público faziam o Estado gastar milhões na cobertura de determinadas despesas em saúde. O que Obama veio apresentar é uma idéia que chamou de "opção pública" e que, em traços gerais significa alargar os cuidados de saúde, privados ou públicos, a toda a população, comprometendo-se o Governo a subsidiar a compra de seguros.
Isto terá feito disparar protestos em todos os sentidos, inclusivamente com o fundamento de que a expansão do papel do Estado não faz parte do código genético dos Estados Unidos.
Vamos a ver se se entende.
Os Estados Unidos da América sempre esconderam, por detrás da carapaça de grande potencia política, económica e militar, as contradições internas latentes no seu "estar" social.
A sociedade americana é uma convergencia de contradições, sejam étnicas ou culturais, e a matriz histórica que poderia potenciar é ainda muito recente para se poder falar de enraizamento colectivo.
Gerir o caldo de culturas que permanentemente fervilha naquele País não é fácil, e se houve coisa que sempre me fez desconfiar foi a facilidade com que a "novidade" Obama entrou nos gostos dos americanos.
Não há nisto nenhuma espécie de crítica, apenas o reconhecimento de algo quase impensável.
Obama beneficiou do "desastre" Bush, mas vozes mais avisadas sempre foram alertando que a América não se governa apenas com bons dotes de oratória, e além disso, está de tal modo envolvida em tantas frentes (seja qual fôr o sentido que se dê a esta expressão) que muito dificilmente um qualquer candidato poderá desempenhar bem o papel de "milagreiro".
O facto de se registar uma descida na popularidade de Obama não espanta.
Espantou foi a vertiginosa velocidade com que ela subiu e aos níveis a que chegou inicialmente.
A América continuará a ser o que sempre foi, e Obama vai ter de perceber que conviver com isso nunca será fácil. Para ele ou outro qualquer.
HPeter

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

SIMPÓSIO DO CLERO


Extractos da intervenção de Dom José Policarpo no IV Simpósio do Clero, há dois dias em Fátima, com a presença de mil sacerdotes.
Entre outras coisas, D. José Policarpo centrou a sua intervenção num princípio de unidade doutrinal e pastoral (que alguns órgãos de comunicação social leram como reprimenda a certos elementos do Clero) e com passagens do seguinte teor:

"Enquanto houver alguns bispos e padres que se consideram com o direito de decidir pela sua cabeça os caminhos de pastoral, o sentido da existência moral, a maneira de celebrar, estamos a fragilizar a proposta cristã, num mundo que saberá aproveitar, com os seus critérios, as nossas divisões"
"A comunhão hierárquica exige a humildade da obediência, atitude básica de uma total disponibilidade para o serviço"
"Muitos sacerdotes dão, neste aspecto, sinais de contradição interior"
"É necessário redescobrir o Concílio Vaticano II"
"Aqui devem ter-se em conta por exemplo as regras de funcionamento de gestão de uma empresa, que não deve aparecer com diferentes orientações de comando"
"Não queiramos ser como o mundo gostaria que fossemos, procuremos a nossa identidade no seguimento de Jesus Cristo, na fidelidade à Igreja e na santa liberdade dos filhos de Deus".

De facto têm surgido ultimamente algumas opiniões de sacerdotes (em pequeno número, é certo) que aparecem públicamente a defender soluções que diferem da orientação geral da Igreja, a começar pelo próprio Vaticano.
O caso de uso de preservativo nas relações sexuais, a interrupção voluntária da gravidez em certos casos, e outros pequenos exemplos.
O que D. José Policarpo fez, em minha opinião, foi ressaltar que a Igreja, como qualquer Instituição, deve falar a uma só voz.
Não importa agora saber se bem ou mal ajustada à realidade dos nossos tempos.
O problema é que muita coisa funciona mal na sociedade que temos precisamente porque, sem qualquer espécie de prurido, muita gente se acha no direito de dizer e fazer o que pensa à revelia das orientações de quem os coordena.
Uma organização assim, seja ela qual fôr, não irá longe.
Neste estrito ponto de vista acho que Dom José Policarpo deu um bom exemplo de liderança.
HPeter